Era alta madrugada, o Sol já havia se recolhido, há muitas horas horas, restava apenas a noite fria e cinzenta, seu Lua ou Esstrelas pra iluminar a solidez de uma ilha no imenso oceano.
     A noite estava tão fria, que o cobertor ja nao aquecia mais...até os pés ja começavam a endurecer e os braços se atrofiavam em busca de um coração quente que pudesse me aquecer, uns braços para eu aconchegar e adormecer, parecendo uma conchinha do mar...
     Não encontrei nada, apenas uns bracinhos pequeninos, um calor de menino, num perfume de homem, um rapazinho que sabe o que faz.
     Tento despertar daquele pesadelo, mas nao posso, meus olhos estao pregados, pelo peso da escuridao do quarto...nem uma luzinha no fim do túnel surge naquele momento.
     Não ouço nada, apenas gemidos, uma respiraçao ofegante e cansada do meu lado esquerdo na imensa cama. Penso em acordá-lo, mas nao posso, pois nao consigo me mexer: os pés doem, por andar e caminhar buscando paisagens e inspiração para compor mais uma sinfonia de Amor.
     Não tenho o que oferecer para essa troca de calor que procuro, apenas um coraçao cheio de cicatrizes por ter sabido amar demais.
     Nada existe ao meu redor, naquele quarto abafado que inspire um descanso de alívio que minh'alma precicava naquele momento.
     Quando então olho para a janela e vejo as primeiras luzes da manhã, enfim o dia clareou...acordo então e percebo que o que eu tinha do meu lado era meu filho, minha linda inspiraçao para sair da cama. Meio trôpega levanto e tento andar, mas meus pés nao obedecem e minhas pernas doem demais, uma dor angustiante que me faz quase cometer uma loucura.
     Ando cambaleando até a cozinha e penso num remédio forte que me tire daquele torpor, mas nao sei se um remedinho e um copo d'água serão suficiente para aliviar aquela dor carnal. No entanto a dor espiritual vai ainda ficar por um tempo indeterminado..

(Nola Amaro)